GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O PSOL protocolou nesta quarta-feira nova representação contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por quebra de decoro parlamentar. O partido defende que o Conselho de Ética da Casa investigue denúncia de que Sarney omitiu da Justiça Eleitoral uma propriedade de R$ 4 milhões, além da acusação de que o parlamentar teria participado do desvio de R$ 500 mil da Fundação José Sarney.
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O Ministério Público Federal no Maranhão decidiu investigar a fundação, da qual Sarney é presidente vitalício, após a denúncia de que ao menos R$ 500 mil dos recursos repassados pela Petrobras para patrocinar um projeto cultural da fundação teriam sido desviados para empresas fantasmas e empresas da família do presidente do Senado.
Reportagem publicada pela Folha informa que a Fundação José Sarney, em São Luís (MA), tem como principal atração para o público, em vez de livros e o museu, uma festa julina idealizada pela governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). A fundação recebeu R$ 1,34 milhão da Petrobras entre o fim de 2005 e setembro passado para preservação de seu acervo.
O partido também cobra investigações sobre um imóvel de Sarney, estimado em R$ 4 milhões, que não teria sido declarado à Justiça Eleitoral. No texto, o PSOL afirma que a "prática de Sarney de omitir patrimônio pode ser um costume reiterado".
A presidente do PSOL, vereadora Heloísa Helena (AL), disse que o partido cumpre sua obrigação em pedir uma nova investigação sobre Sarney diante das denúncias que atingem o parlamentar. "Existem fatos que mostram tráfico de influência e exploração de prestígio. São acontecimentos que possibilitam a cassação do mandato. São fatos gravíssimos que nos obrigam a solicitar a abertura de processo", afirmou.
Representações
Com a nova representação do PSOL, Sarney terá que enfrentar nove acusações por quebra de decoro parlamentar no colegiado. Ontem, ele foi denunciado em três representações do PSDB, além de já responder a outras quatro denúncias apresentadas pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
O PSOL já havia ingressado anteriormente com outra representação contra Sarney por ter sido beneficiado por atos secretos editados no Senado, com a nomeação de parentes e afilhados políticos para a instituição.
As ações tratam do suposto envolvimento do senador com os atos secretos, da suspeita de que teria interferido a favor de um neto que intermediava operações de crédito consignado para servidores do Senado e de ter usado o cargo para interferir a favor da fundação que leva seu nome e mentido sobre a responsabilidade administrativa da fundação.
Ao propor novas representações, a oposição quer aumentar o desgaste de Sarney e enfraquecer a tropa de choque do peemedebista, que trabalha para evitar que os processos cheguem ao plenário e peçam a cassação do mandato dele.
"Eu não creio que os fatos serão sepultados com uma decisão monocrática do presidente do Conselho de Ética. Se houver a tentativa de fazer o arquivamento liminarmente ou não fazer as investigações, significará que o conselho concorda com todos os crimes que vêm sendo enunciados à nação nos últimos meses", disse o senador José Nery (PSOL-PA).
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