Chico Alencar*
O Partido Socialismo e Liberdade (Psol), nascido há cinco anos, ousa afirmar-se como “um novo partido contra a velha política”. Numa conjuntura extremamente adversa, originário da decepção com o “transformismo” e com o fiasco moral da experiência petista – que passou, no governo federal, a aderir às linhas de política econômica e de alianças que sempre condenara –, o Psol busca resgatar antigas e saudáveis tradições da esquerda: disputar espaço na institucionalidade sem desvincular-se dos movimentos sociais, seu principal nutriente; não acomodar-se à ordem vigente e às seduções das mordomias do poder; operar em torno de ideias e causas, e não de acertos palacianos e cargos; cobrar permanentemente moralidade pública, baseada na austeridade e na transparência, sem fazer, entretanto, “cruzadismo moral” ou posar como “vestal”; estimular permanentemente a organização consciente e autônoma da população; manter o horizonte utópico de uma sociedade igualitária e substantivamente democrática, a sociedade socialista.
É nessa perspectiva que o Psol realiza agora o seu II Congresso Nacional. A partir de nove alentadas teses (ver síntese **), que analisam desde a crise global até as realidades locais e as lutas específicas de gênero e comportamento, além de traçar cenários para 2010, os militantes são chamados ao debate. Estes envolveram, até agora, nada menos que 11.200 filiados, em mais de 500 reuniões por todo o Brasil. Dos congressos estaduais em curso sairão os delegados ao congresso nacional, marcado para o final de agosto, em São Paulo.
Em linhas gerais e resumidas, o Psol considera que a crise do capitalismo, embora muito profunda, não é “naturalmente” terminal. O sistema tem muitos modos e meios de sobrevivência. Mas sua essência é predatória: a crise não é só financeira e social, com o desemprego que provoca, mas também ambiental, ecológica. Um novo padrão de desenvolvimento precisará ser radicalmente sustentável e distributivista. Para o Psol, o governo Lula, apesar da inegável popularidade do presidente, desconstituiu a vida partidária mais plena e deu continuidade, na macroeconomia, à linha de FHC, com o superávit primário sendo o eixo de suas políticas. É um governo que assegura a manutenção de lucros extraordinários para os banqueiros e a adesão acrítica dos mais pobres, com políticas compensatórias e assistencialistas. A corrupção, embora inerente ao sistema do lucro e do afã consumista-individualista, precisa ser combatida pontualmente, em cada situação que se revele. É paradoxal que Lula e o PT estejam empenhados hoje na sustentação do tradicional esquema do patrimonialismo, do fisiologismo, do clientelismo. Tudo em nome de uma “governabilidade” que dispensou e dispersou, tragicamente, as forças sociais de mudança presentes na primeira vitória de Lula, em 2002.
O Psol, na auto-análise que o II Congresso propicia, reconhece também sua própria debilidade, com seu ainda incipiente enraizamento social e sua fraca presença nos movimentos populares e sindicais, muitos deles cooptados pelo oficialismo. Mas insiste em construir-se pela base e em manter, através de seus parlamentares, uma permanente interlocução com a sociedade. Também considera que carece de direções mais ativas, orgânicas, e de núcleos locais vivos, que resgatem a boa política da sua contrafação grosseira, que é a politicagem demagógica, o eleitoralismo – geradores do imenso desencanto da população.
Uma certeza será ratificada no II Congresso do Psol: o de que há, na sociedade brasileira, especialmente entre o povo trabalhador – aí incluída a classe média e a juventude –, espaço para um partido autenticamente de esquerda, de massas e de militância, popular e democrático.
* Chico Alencar é deputado federal (Psol-RJ) e professor de História (UFRJ).
Hildegardis-Barbalha(Ce) (22/07/2009 - 10h02)
Vamos sacudir esse país, bater a poeira e o mau cheiro que vem das entranhas dessa classe dominadora, que não sabe o que é suor e nem calos nas mãos. Vamos fazer tremular essa bandeira que nos resta com as cores da esperança, da dignidade e levá-la ao cume das verdades e dos verdadeiros. Vamos incomodar, vamos dizer o que continua "intalado" na garganta dos menos favorecidos e entoar essa canção que faz rima e coro com a "bolsa" dos humildes. Vamos sim!!! Pois não temos nada a temer e nem medo de decepções. Vamos sim!!! Lutar por nós e pelos desavidados, basta ter motivos e querer. Valeu Chico. Saudações Socialistas
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